24 setembro 2015

[RESENHA] Dias perfeitos - Raphael Montes



Téo é um solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e examinar cadáveres nas aulas de anatomia. Durante uma festa, ele conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Ela está escrevendo um road movie sobre três amigas que viajam em busca de novas experiências. Obcecado por Clarice, Téo quer dissecar a rebeldia daquela menina. Começa, então, uma aproximação doentia que o leva a tomar uma atitude extrema. Passando por cenários oníricos, que incluem um chalé em Teresópolis e uma praia deserta em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita, repleta de tortura psicológica e sordidez.






Nada de anormal em só se ter um amigo. Muita gente prefere a qualidade de amizades ao número delas. Tudo bem se você só tiver uma pessoa com quem conversar, com quem desabafar. Nos momentos de dor ou de alegria, é aquela pessoa, específica, que você sabe que tem que recorrer. Bonitos, feios, pretos, brancos, gordos, magros. Aparência não importa. Para Téo, um estudante de medicina, também é assim. Sua única amiga se chama Gertrudes. Trata-se uma mulher velha, mas quem liga para idade? Tudo bem. Porém, se você olhar como uma pessoa "normal" vai ver que esse vínculo é uma maluquice. Gertrudes, nada mais é do que o cadáver de uma indigente que Téo está estudando na aula de anatomia.

Para Téo, o amor não existe. Ele não nutre sentimentos por ninguém, nem mesmo pela sua mãe Patrícia. Ao contrário, para ele, Patrícia é um peso. Tudo muda quando, por acaso, Téo conhece Clarice, uma jovem que é o oposto dele: extrovertida, simpática e de bem com a vida. A partir desse primeiro contato, um sentimento doentio (que ele chama de amor) começa a nutrir em Téo, fazendo com que ele cometa loucuras só para conquistar o coração da amada, que, por sinal, não partilha do mesmo sentimento.


O autor não descreve Téo com um psicopata - pelo menos, não usa essas palavras - mas, as características descritas ao longo do livro levam o leitor a perceber que trata-se de um personagem com algum tipo de distúrbio mental. Além do mais, durante as páginas dessa história, Téo comete uma série de crimes, que vão desde uma simples perseguição até cárcere privado e assassinato. O que mais me impressiona na mente de pessoas como essa é o modo com que eles agem sem escrúpulos, mas acham que o que estão fazendo é normal.

Frase que descreve o livro!

Aliás, sobre o Téo, apesar de odiá-lo no livro inteiro, achei um personagem extremamente bem construído. A toda hora, o leitor procura saber o que se passa na cabeça de uma pessoa como ele. Um homem totalmente obsessivo e que não mede esforços para conseguir o que quer.

Não me joguem pedras, mas eu não gostei daquele final. Já esperava que alguma coisa do tipo fosse acontecer e acabou não me surpreendendo, além do mais alguns fatos ficaram meio que inexplicados no desfecho. Foi um choque de realidade pra mim.

Esse é um daqueles livros que vão te fazer eliminar completamente o preconceito com os escritores nacionais (se é que ainda existe). O jeito com que o Raphael conduziu esse enredo não deixa a desejar em nada se comparado com os autores americanos e de outros países. 

Dias perfeitos traz uma história que trata de temas polêmicos na sociedade de hoje em dia, mas com uma escrita simples e uma leitura rápida. É um livro super recomendado!


CAPA 6
HISTÓRIA E ENREDO 9
PERSONAGENS 9
DESFECHO 7

NOTA NO SKOOB: 4.1

LIVRO(4/5)
EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS
PÁGINAS: 274
ANO: 2014
GÊNERO: FICÇÃO / SUSPENSE


QUEM É O AUTOR?